TDAH: Mitos e suas consequencias.
Qui, 01 de Dezembro de 2011 14:23 Escrito por ABDA
O Conhecimento acerca do TDAH tem sido cercado de idéias falsas, desprovidas de embasamento científico.
A Ciência, na sua busca pelo
conhecimento da natureza, faz exigência de alguns critérios e usa de
rigor para assegurar que um determinado acontecimento é uma verdade
científica.
Importante lembrar que, diante de um
fato isolado observado, não devemos apressadamente inferir que o fato
antecedente gerou o fato posterior até que várias repetições do fenômeno
em circunstâncias idênticas tenham se repetido, e que se possa
estabelecer um vínculo lógico entre os acontecimentos em jogo. Outra
exigência da Ciência é que, sempre que possível, o fenômeno possa ser
repetido empíricamente.
Vamos examinar em seguida algumas falsas crenças que as pessoas têm mantido em relação ao TDAH.
Mito 1
“O
TDAH é um distúrbio fantasma, não existe. Na verdade criaram uma boa
desculpa para pais e professores justificarem suas dificuldades de
educar e de colocar limites a certas crianças mais difíceis que as
outras.”
Resposta: O transtorno
tem sido descrito tanto na cultura ocidental quanto na oriental. Os
estudos com gêmeos e com crianças adotadas mostram que o papel
predominante é do fator hereditário, cabendo ao ambiente uma
participação menos expressiva na gênese do problema.
Veja a carta assinada por 80 profissionais experientes sustentando que o TDAH é um transtorno legítimo.
Veja a carta assinada por 80 profissionais experientes sustentando que o TDAH é um transtorno legítimo.
Mito 2
“As
crianças com TDAH não são diferentes das demais. Nenhuma criança
consegue ficar quieta ou prestar atenção por muito tempo seguido.”
Resposta: É verdade que
as capacidades de controle da atividade motora, dos impulsos e da
capacidade vão se desenvolvendo no período da infância.
A diferença entre uma criança com TDAH e
outra talvez não possa ser bem percebida na hora do recreio da escola,
quando é de se esperar que todas as crianças estejam correndo, pulando
ou gritando. Porém, ao soar a campainha do fim do recreio, quando todos
retornam à sala de aula, aí podemos observar que uma determinada criança
sistematicamente não consegue parar, e nas aulas é frequentemente
incapaz de sustentar a atenção, desviando a sua atenção para outros
estímulos com maior facilidade do que as demais.
A diferença é quantitativa e não
qualitativa. Quer dizer, tudo que uma criança com TDAH mostra no seu
comportamento as demais também apresentam, só que naquela que tem TDAH
isto aparece de uma forma mais intensa, freqeente e trazendo inúmeros
prejuízos em todas as esferas de sua vida, escolar, familar e social.
Mito 3
“O TDAH é um transtorno muito mais freqüente no sexo masculino.”
Resposta: Durante
muitos anos o componente da hiperatividade foi considerado o fato mais
importante nesse transtorno e, como os meninos costumam apresentar mais
hiperatividade que as meninas, acreditou-se que esse problema seria bem
mais comum no sexo masculino.
Em 1980 (DSM-III) a denominação
utilizada passou a ser Distúrbio do Déficit de Atenção. Com essa mudança
as dificuldades de atenção destronaram a hiperatividade. O que ficou
evidente é que nas meninas o tipo clínico que cursa sem hiperatividade
(Tipo Predominantemente Desatento) é mais comum. Por essa razão, por ser
menos ruidoso, esse tipo pode passar mais tempo sem ser identificado,
ou ser facilmente confundido com outras condições, como depressão,
deficiência intelectual leve, problemas psicológicos, etc.
Mito 4
“Os sintomas de TDAH geralmente desaparecem espontaneamente no final da adolescência.”
Resposta: Era
exatamente isso que se pensava enquanto o fator hiperatividade era o
mais importante no quadro clínico, pois existe uma tendência da
hiperatividade declinar com o passar dos anos, ao passo que os sintomas
de desatenção tendem a persistir.
Na verdade nem sempre a hiperatividade
desaparece, ela apenas evolui de acordo com a idade. Por exemplo, uma
criança hiperativa pula sem parar, trepa nos armários da casa, corre de
um lado para outro. Quando essa mesma pessoa chega à idade adulta não é
de se esperar que ela continue com o mesmo comportamento, mas podemos
ver que ela está sempre andando de um lado para outro, faz tudo como se
estivesse com muita pressa, não consegue deixar as mãos paradas, assume
inúmeras tarefas simultaneamente, sem conseguir finalizar a maioria
delas, tem dificuldade de planejamento, seguir metas e de se organizar
de uma maneira geral.
Mito 5
“Se
uma criança com TDAH consegue fazer com muita atenção uma atividade do
seu interesse (videogame, por exemplo) e não consegue fazer os deveres
escolares, a razão para isso parece ser uma falta de vontade ou
motivação.”
Resposta: Na verdade o
termo “déficit de atenção” não descreve fielmente o que ocorre e
provavelmente será substituído no futuro, pois o que ocorre com essas
pessoas é uma inconstância ou má-regulação da atenção. Existe um
prejuízo na capacidade de a pessoa dirigir sua própria atenção, ou seja,
uma dificuldade na atenção voluntária.
Muitas dizem que tentam se esforçam para
ler, estudar, mas não conseguem. É claro que depois de algum tempo
essas pessoas vão de antemão evitar ou desistir antes mesmo de iniciarem
essas tarefas tão penosas para elas.
Na verdade a criança com TDAH costuma, em alguns casos, concentrar-se com maior facilidade em atividades mais dinâmicas, mais motivantes, lúdicas e pouco repetitivas. A isso costuma-se chamar de Hiperfoco.
Na verdade a criança com TDAH costuma, em alguns casos, concentrar-se com maior facilidade em atividades mais dinâmicas, mais motivantes, lúdicas e pouco repetitivas. A isso costuma-se chamar de Hiperfoco.
Mito 6
“Os medicamentos usados no tratamento do TDAH provocam efeitos colaterais sérios e podem causar dependência.”
Resposta: A maioria dos
especialistas com experiência no acompanhamento de pessoas com o
transtorno, afirmam que os medicamentos utilizados para o tratamento do
TDAH são eficazes e seguros. É evidente que qualquer medicamento pode
produzir efeitos adversos, e os medicamentos para o TDAH não fogem a
essa regra. Devem ser administrados por profissional com experiência no
seu manejo.
Mito 7
“O uso de medicação para tratar o TDAH pode predispor a criança se tornar um dependente de outras drogas no futuro.”
Resposta: Estudos já
foram realizados acompanhando as crianças que tinham feito uso de
medicamentos para TDAH, e comparando esse primeiro grupo com outro grupo
de crianças que, por qualquer razão, não tinham feito tratamento para
TDAH. O resultado é que a ocorrência de abuso de drogas na juventude
revelou-se maior ou idêntico no grupo não tratado para TDAH, o que
mostra que o tratamento medicamentoso, na verdade, não é capaz
de induzir ao abuso de drogas.
Mito 8
“Apresentar
TDAH na infância traz poucas conseqüências para a vida da pessoa e por
isso não se justifica um tratamento nessa idade.”
Resposta: Alguns casos
de TDAH menos intensos, quando acompanhados de alto nível intelectual e
ambiente familiar bem estruturado (fatores de resiliência ou proteção),
podem passar pela vida sem que o transtorno cause grandes prejuízos na
sua qualidade de vida.
Todavia, na maior parte dos casos, o
TDAH compromete seguramente a qualidade de vida da pessoa, e sem dúvida,
isto significa que ela seria capaz de desenvolver melhor o seu
potencial se tivesse em tratamento para TDAH.
Prejuízos na auto estima, rendimento
escolar e profissional abaixo da real capacidade, conflitos com colegas e
cônjuges, maior comorbidade com outras doenças, como depressão,
ansiedade, dentre outras, maior tendência maior a ter múltiplos
casamentos, gestações indesejadas, abuso de álcool e drogas, são algumas
das possíveis conseqüências que a falta do tratamento do TDAH traz para
a vida das pessoas.
Sam Goldstein, experiente psicólogo
norte-americano, afirma que “o risco de não tratar é certamente maior
que o risco do tratamento”.
Mito 9
“TDAH e Hiperatividade são sinônimos. Todas as crianças com TDAH são hiperativas.”
Resposta: Os sintomas
de Hiperatividade só estão presentes no tipo combinado e
predominantemente hiperativo. No tipo predominantemente desatento não
está presente o sintoma de hiperatividade.
Mito 10
“Uma vez diagnosticada como portadora do TDAH, a criança tem uma boa desculpa para seu rendimento escolar prejudicado.”
Resposta: Nem sempre o
diagnóstico de TDAH responde por todas as questões referentes ao
rendimento escolar prejudicado. Transtornos de aprendizagem como
dislexia, discalculia, disortografia, má qualidade de ensino, didática
equivocada, métodos de ensino obsoletos e falta de recursos pedagógicos
podem explicar alguns casos que não necessariamente estão associados ao
TDAH.
O TDAH é um transtorno da atenção. Uma
vez que a atenção e concentração são condições necessárias para todo e
qualquer processo de aprendizagem, o TDAH interfere no desempenho
acadêmico e escolar global.
Mito 11
“Um tratamento à base apenas de medicamentos pode resolver satisfatoriamente quase todos os casos de TDAH.”
Resposta: O tratamento
do TDAH está baseado em um tripé de ações: Psicoeducação (informação
sobre o transtorno), Psicoterapia (nos casos em que há prejuízo
psicológico) e Medicação.
Em todos os casos, a psicoeducação é elemento fundamental e prioritário para o tratamento do TDAH.
Em todos os casos, a psicoeducação é elemento fundamental e prioritário para o tratamento do TDAH.
Fonte: Artigos do Dr. Sergio Bourbon (adaptado)
http://www.tdah.org.br
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